Ingrid Oliveira foi uma das primeiras esportistas a assegurar uma vaga para o Brasil em Paris 2024, competindo na plataforma de 10m feminina dos saltos ornamentais. Ela alcançou o oitavo lugar na semifinal da competição no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2023, realizado em Fukuoka, no Japão.
Aproximadamente um ano depois, Ingrid teve sua participação confirmada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e pela Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais (Saltos Brasil). Assim, a atleta carioca de 28 anos participará de sua terceira edição dos Jogos Olímpicos.
“Quando iniciei no salto ornamental, jamais pensei que participaria de três edições dos Jogos Olímpicos. Tenho plena convicção de que Paris 2024 será extremamente especial, com o retorno do público às arenas, trazendo aquela energia essencial para todo atleta”, afirmou Ingrid em comunicado divulgado pela Saltos Brasil.
Ela se tornará a segunda atleta brasileira com mais participações olímpicas no salto ornamental, ficando atrás apenas de Juliana Veloso, que possui cinco.
Em 2022, um marco histórico no Campeonato Mundial
Um ano antes de garantir uma vaga para o Brasil nos Jogos de Paris, Ingrid Oliveira alcançou o melhor desempenho de sua carreira, terminando em quarto lugar na plataforma de 10m no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2022, realizado em Budapeste, Hungria.
A vitória foi para Chen Yuxi, da China, com uma pontuação de 417.25, enquanto a prata foi conquistada por sua compatriota Hongchan Quan, atual campeã olímpica, com 416.25 pontos. O bronze foi para Pandela Peng, da Malásia, que alcançou 338.85 pontos.
Com uma pontuação final de 327.10, Ingrid passou a aspirar pelo menos ao bronze em outras competições internacionais e, quem sabe, em Paris.
“Acredito que buscar um bronze é viável. Ouro e prata são praticamente inatingíveis devido à presença de duas chinesas excepcionais, que estão muito à frente das demais. No entanto, eu e meu técnico enxergamos o bronze como uma meta alcançável. Então, vamos nos dedicar bastante nos próximos meses para atingirmos esse objetivo,” comentou Ingrid em declaração ao site Globoesporte.com.
Atenção à saúde mental tem contribuído para a preparação rumo a Paris 2024
O resultado em Budapeste trouxe muita atenção para Ingrid, o que acabou sendo prejudicial – a atleta chegou a enfrentar a depressão após competir na Hungria e também sofreu com várias lesões.
A carioca já estava trabalhando sua saúde mental antes do Mundial de 2022 e acredita que isso foi fundamental para seu desempenho na competição:
“A minha saúde mental foi crucial para a minha performance na Hungria. Sou uma atleta muito forte, que raramente adoece, mas peguei essa gripe que circulou no Rio e fiquei com a imunidade muito baixa. O que me salvou foi o mental. Tive um trabalho muito intenso com a minha coach para focar apenas no que eu precisava fazer na plataforma. Funcionou. A ênfase na saúde mental foi essencial para o resultado que alcancei”.
Até mesmo a participação no Mundial de Fukuoka esteve em risco. Lesões no punho e nas costas, além de um problema envolvendo sua participação no torneio, quase a impediram de viajar – sua presença foi confirmada apenas alguns dias antes do embarque. Mas tudo deu certo e ela alcançou seu objetivo, que era garantir a vaga para o Brasil.
“Não foi fácil chegar até aqui. Acho que é muito especial devido às várias dificuldades que enfrentei pelo caminho. Tive a depressão, depois, quando estava mentalmente bem, lesionei o punho. Consegui recuperar meu punho, foi uma batalha com os médicos do CT Maria Lenk. Depois machuquei as costas e foi uma corrida contra o tempo para conseguir treinar e estar aqui,” destacou Ingrid ao GE.com.
A busca pela primeira medalha é a maior motivação
Em suas duas participações nos Jogos Olímpicos, Ingrid não conseguiu avançar para as semifinais. Em Tóquio 2020, a carioca esteve entre as oito primeiras nas três rodadas iniciais, mas falhou nas duas últimas tentativas, terminando o torneio em 24º lugar – apenas 18 saltadoras avançavam para a final.
No Rio 2016, quando fez sua estreia olímpica aos 19 anos, Ingrid ficou em 22º lugar no individual, em uma jornada marcada por problemas com sua parceira na plataforma de 10m sincronizada, Giovanna Cardoso. Juntas, elas haviam conquistado a prata nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, a primeira medalha para o país nessa modalidade.
A amizade entre as duas já estava abalada devido a divergências nos treinos, situação que piorou quando Ingrid recebeu Pepê Gonçalves, da canoagem slalom, no quarto que dividia com Giovanna na vila olímpica. Elas ficaram em último na prova e romperam a parceria logo depois.
Sete anos depois, Ingrid Oliveira e Giovanna se reaproximaram e reconstruíram a relação dentro e fora das piscinas – o que ficou evidente com a conquista do bronze na plataforma de 10m sincronizada nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023.
Ingrid ficou perto do pódio na disputa individual, terminando na quarta posição, mas foi prejudicada por uma forte gripe que contraiu ao chegar na capital chilena, devido às mudanças drásticas de temperatura.
Após superar tantas dificuldades, Ingrid Oliveira espera voltar a ter uma grande apresentação e, quem sabe, melhorar seu desempenho em relação à Hungria, conquistando uma medalha inédita para o Brasil nos saltos ornamentais.